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APRESENTAÇÃO

Apresento-me como homem.

A Entidade que me inspira mediunicamente e sobre mim exerce autoridade, no pensamento e na ação, deve ter um representante terreno, alguém que assuma todo o peso da luta e da responsabilidade; que totalmente se exponha, moral e fisicamente, aos perigos de uma realização novíssima, ao trabalho que toda grande conquista e todo progresso impõem, à necessária tensão para ultrapassar todos os obstáculos.

Tal sou e assim me coloco hoje, ao ingressar na vida pública.

Nada possuo além do meu trabalho para viver e da minha obra para triunfar no bem. Dentro de mim e acima de mim, porém, vibra uma Voz que infunde respeito, que me arrasta e a todos irresistivelmente arrastará, voz que eu escuto e a que devo obedecer.

Já não é mais o momento de dizer - o tempo virá, mas, sim, de afirmar - o tempo chegou. Chegou a hora da grande ressurreição espiritual do mundo.

Eis o que sou: o servo desta Potência, o servo de todos, a serviço de todos, para o bem de todos . Nada mais me pertence, nem alma nem corpo: pertenço ao bem da humanidade. Deverei ser o primeiro no trabalho, na dor, na fadiga e no perigo; e o primeiro serei nesse caminho e me esgotarei até a última dose de minha energia, até o último espasmo de meu tormento, até a última explosão de minha paixão.

Sou fraco, culpado e indigno; não tenho, porém, mais força para sufocar esta Voz que deseja explodir e falar ao mundo, arrastar os povos, abalar os poderosos, convencer os doutos e todos conduzir a uma vida de bem e de felicidade. Serei considerado louco, bem o sei. Mas, Sua Voz tem um poder ao qual não mais sei resistir. E eu, o último dos homens, falarei ao mundo com palavras novas, num tom altíssimo, de coisas grandes e tremendas, em nome de Deus.

Estremeço e choro, ao escrever estas palavras. É o sinal positivo de que Ele, o Espírito que me assiste, está junto de mim e me faz escrever coisas que são incríveis. Não obstante, as almas simples sentem, com um sentido que a ciência não tem e nunca terá, sentem por intuição de afetos e por penetração de amor, a completa naturalidade e a perfeita credibilidade dessas coisas incríveis.

Tão intensamente profunda é essa intuição que a alma juvenil dos povos do outro hemisfério a sentiu, rápida, vibrante, espontânea, num reconhecimento que dizia: eu sei, em face da demorada, duvidosa e sofisticada análise científica da velha Europa! É que a ciência analisa, toca e mede, mas não tem alma e somente com o cérebro nada se pode “sentir”.

Brasil, terra prometida da nova revelação, terra escolhida para a primeira compreensão, terra abençoada por Deus para a primeira expansão de luz no mundo! Já um incêndio lá se levanta; instantânea e profunda foi a compreensão.

Foi um reconhecimento sem análise, de quem sabe por que sente, de quem tem certeza porque vê. Os humildes, não solicitados, compreenderam e se afirmaram os primeiros, sem provas, sem discussões, no terreno em que a ciência que tudo sabe nunca cessa de exigi-las.

A profunda emoção que me invade ao falar-vos, o espasmo de paixão que me arrebata, o rasgar-se de meu coração a cada palavra não se podem medir nem calcular; mas, vós o sentis, embora a tão grande distância de tempo e de espaço! As lágrimas que me comovem enquanto escrevo, e caem sobre este papel, destas palavras ressurgirão e cobrirão vossos olhos quando as lerdes. E direis, irresistivelmente: “É verdade”.

E através dos anos convencerão e arrastarão outras almas que as vão ler e que, corno vós, também dirão, irresistivelmente: “É verdade”.

Porque a força que me arrebata também vos arrasta, a paixão que me inflama também vos incendeia e nos une a todos, num só esforço, numa tensão e num trabalho comuns, em favor do Bem. Como é grande e bela esta felicidade ilimitada de nos sentirmos todos irmãos, profundamente irmãos, diante dessa maravilhosa voz que do Infinito a todos nos alimenta! Como é doce, diante Dela, ensarilhar as tristes armas da rivalidade e da competição que pesam sobre nós e nos amarguram a vida! Que grandioso é sentirmo-nos todos unidos, numa só Humanidade, num compacto organismo; não mais como pobres seres solitários num mundo inimigo, mas cidadãos de um grande universo, onde cada ato tem um alvo, onde toda vida constitui missão.

A Voz me arrebata neste momento e senhoreia-se de minha mão, como o faz sempre que deseja falar por meu intermédio. Eu A sigo, pequenino, confuso, maravilhado por imensas visões.

Agora, Ela me apresenta o planeta envolto numa faixa de luz e me faz ver uma humanidade mais feliz e mais sábia, ressurgindo das ruínas da geração de hoje; mas, também, a ela pertenceremos e, quem houver semeado, colherá. Acima de nós que, lutando e sofrendo, semeamos, uma falange de Espíritos Puros estende-nos os braços, encorajando-nos e ajudando-nos. Somos os operários de um grande trabalho, do maior trabalho que o mundo jamais realizou: a fundação da nova civilização do terceiro milênio.

Mãos à obra! Levantai-vos! É chegado o momento. A palavra de Sua Voz encerra uma força misteriosa, intrínseca, invisível, mas poderosa; imponderável, mas irresistível, e por ela sozinha avança, sabendo por si mesma escolher os meios humanos, solicitando-os a todos, convidando à colaboração todos os homens de boa vontade. Ela avança e atinge os corações; persuade e convence, possuindo e ofertando a cada momento, de si mesma, uma prova evidente, o fato inegável de sua automática divulgação.

Mãos à obra! Espera-me, espera-nos um tremendo trabalho, mas também uma imensa vitória. Somente sob a direção de um Chefe sobre-humano o mundo poderia empreender uma obra tão gigantesca. Temos um Chefe no céu. Ele não traz senão a paz, o amor, o respeito a todas as crenças. Nada tem Ele a destruir do que seja terreno; a ninguém Ele agride; não toca a forma, que não é o essencial: encara a substância. Nada tem Ele a modificar do que seja terreno neste mundo; tudo quer vivificar com uma chama de fé, quer tudo aquecer com uma nova paixão de amor puro — o amor de Cristo esquecido.

Nada têm a temer as autoridades nem os organismos humanos. É tão velho e inútil o expediente de modificar as organizações!

Não mais criações de sistemas sempre novos e sempre velhos, mas criação do homem novo, que tem origem no íntimo, onde está a alma, e não no exterior. Toda organização é boa quando o homem é bom; é má quando mau é o homem.

O novo Reino não é deste mundo e jamais se tocará no que lhe pertence. Não está surgindo um novo organismo humano, com chefes e subordinados, com cargos e funções, com propriedades e direitos. Não. Absolutamente nada disso. Trata-se, eu vos digo, do Reino de Deus, do Reino que o mundo ainda espera, que o mundo ainda invoca: Veniat Regnum tuun (“Venha o Teu Reino”). É um reino de almas, de amor e de paz; não possui sedes, não tem riquezas, nada possui; não tem senão a tarefa do dever, o amor do bem, a paixão do sacrifício, a grandeza do martírio. E quem for o primeiro nesse caminho será o maior nesse Reino de Deus.

Almas distantes, que no Brasil tudo compreendestes, distantes pelo espaço, mas tão perto do coração, que o meu abraço vos chegue forte, profundo, imenso, como eu o sinto agora, nesta solidão montanhosa de Gúbio, no mais alto silêncio da noite, com minha alma nua diante de Cristo, cujo olhar me penetra, me envolve e me vence.

Humildemente, como o último dos homens que sou, eu vos suplico, pela compaixão que pode inclinar-nos para o mais frágil e abatido dos seres: ajudai-me a compreender este mistério tremendo que em mim se processa, ajudai-me a cumprir esta obra imensa cujos limites não alcanço.

Gúbio (Itália), na noite de 6 de fevereiro de 1934

(Extraído do livro Grandes Mensagens).

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