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ALOCUÇÃO PROFERIDA POR PIETRO UBALDI NA ESCOLA APRENDIZES DE JESUS, EM SÃO PAULO, EM 5 DE OUTUBRO DE 1951

Caros amigos,

 Sou obrigado a vos falar em italiano porque não consegui ainda o domínio completo da vossa língua.

 Há cerca de dois meses que estou percorrendo vossa grande Terra e, durante esse tempo, tive a oportunidade de constatar um acolhimento entusiástico às minhas humildes palavra. Eu me apresso, porém, a vos afirmar: não sou eu a quem deveis louvar. Eu sou, simplesmente, o instrumento; eu recebo; nada é de minha criação. Se eu pudesse, nesta noite, dar-vos uma ideia concreta da VOZ que me fala eu vos apontaria, em primeiro lugar, a imagem que está no quadro aqui exposto (1) . Esta é a figura que eu sinto presente dentro de mim sem poder vê-la fisicamente e a sua expressão dá-me, neste momento, a sensação viva da sua presença neste recinto.

 O assunto da conferência que será lida a seguir prende-se muito ao grande problema da reencarnação – doutrina que aqui é aceita por todos e com grande fé – mas que na Europa é assunto controverso.

 Eu me comprometo, no próximo livro, a demonstrar cientificamente essa grande Lei e essa demonstração será tão convincente que será aceita sem discussão por qualquer mente capaz de raciocinar, assim como acontece com a demonstração do teorema de Pitágoras – ou outros semelhantes – cuja evidência é absoluta.

 A primeira concepção que me nasceu no cérebro sobre a reencarnação foi há muito tempo. Eu tinha, aproximadamente, 26 anos e vivia em completa dúvida, pois, já golpeado profundamente pela dor, não conseguia atinar com as suas causa. Eu a atribuía aos erros cometidos por mim, ou por outros, mas isso não contribuía, para eliminá-la. Investigava os vários sistemas filosóficos, porém, da mesma forma, não conseguia alívio algum. Estudava o espírito das religiões e, todavia, também isso não proporcionava consolo.

 Então, por acaso – digo acaso, mas por certo, era obra da Providência – caiu em minhas mãos O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Eu era jovem, desorientado, não tinha ainda passado pela experiência dos grandes problemas da vida. Li o livro com grande interesse e vos confesso que, a certa altura, exclamei: ACHEI! EUREKA! Poderia ter eu repetido: encontrei, encontrei finalmente a solução que eu procurava e que me esclareceu! 

 Essa foi a primeira semente que deu origem ao meu adiantamento espiritual e daquele dia em diante foi-se tecendo a trama luminosa do esclarecimento de tal forma que, ampliando-se, penetrou a ciência, a filosofia, a religião, os problemas sociais e os problemas de todo o gênero.

 Devo, entretanto, confessar-vos precisamente aqui, nesta noite e neste local, que a Allan Kardec devo a primeira orientação e a solução positiva do problema mais complexo que, mais de perto, me interessava, considerando minha condição de ser humano.

 Com grande prazer recebi aquela primeira orientação. Sem ela eu deveria trabalhar, quem sabe, vinte, trinta anos, mais. Esse primeiro jato de luz me veio há quarenta anos precisamente e hoje essa luz se completa no que eu ofereço, como eu disse antes, não criado por mim, mas recebido em consequência do esforço desenvolvido para ampliar o campo de aplicação daquela grande ideia, alcançando o seu objetivo final, concretizado nos setores social, religioso, filosófico etc. 

 E é interessante observar que, em consequência disso, eu, sem o saber, eu já era espírita há quarenta anos. Eu vos afirmo isso porque na Itália não há espíritas e, vindo ao Brasil, não fazia ideia, não conhecia nada deste grande mundo que encontrei aqui e que me atordoou pela sua organização, pela sua fé, pela sua vastidão. 

 Na Europa, não temos ideia disso. Eu estava, portanto, e estou convosco há muito tempo. Somente hoje vejo e reconheço que, em certa parte do mundo, longe da Europa, existe a mesma fé que eu já havia encontrado sozinho. 

 Ora, o fato de tê-la encontrado sozinho ou de recebê-la isoladamente é a prova evidente de que todos estamos dentro da Verdade. Eu não recebi esta verdade de uma Escola ou de uma Doutrina. Eu a senti nascer em mim. Que coisa prova essa concordância? Que a Verdade é una, una para todos, assim como na Terra qualquer indivíduo que abra os olhos vê que o Sol existe igual para todos. Isso foi uma grande prova para mim e creio que ela possa, ser, também, para vós. 

 Esta noite é a última em que eu falo em São Paulo. Andei por vários Estados. Fui até Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais. Estive em cerca de vinte cidades no Estado de São Paulo. Encontrei em toda a parte uma grande fé, uma grande assistência social. Bela realização! Isso me entusiasma! Encontrei nos lugares de cura não só a ciência, mas, sobretudo, a fé. Agora, é possível curar os doentes não só com os processos materiais, como se faz na Europa, mas aquecendo suas almas com o Evangelho, explicando-lhes a causa das suas dores e ensinando-lhes o verdadeiro caminho para superá-las, partindo, em primeiro lugar da alma e não considerando, como o faz a ciência materialista moderna, o nosso corpo como um agregado de células – ou como o corpo de qualquer animal – isso é grandioso! Admirei esse fato! E falarei na Itália e na Europa protestando contra o interesse materialista que lá se imprime a todas ou a quase todas as instituições de cura dos doentes de todas as espécies. 

 Esta noite, então, encerro o ciclo das minhas conferências e vos transmito o meu adeus (2). Daqui a pouco – um mês mais ou menos – retornarei para a Itália. Lá encontrarei o inverno. Voltarei ao meu quarto solitário em Gúbio, onde tenho vivido muitos anos e onde eu escrevi muitos livros que hoje ledes. Naquele quarto, em um ângulo, existe uma pequena mesa onde eu penso, recebo e escrevo sozinho. Lá encontrarei a solidão e o frio. E também a tristeza, uma grande nostalgia – uma grande saudade, como dizeis – e um enorme desejo de vos rever e vos abraçar. E espero que esse meu desejo tão intenso precipite o momento em que eu possa realizá-lo. 

 Constatei, portanto, que minha gratidão pela vossa bondade é imensa. Vós me recebestes com grande amor, eu o senti. E restituí o amplexo com o qual me enlaçastes com o meu abraço fraterno. Gostaria de estreitar-vos em meu coração, um por um. Mas como fazer isso se sois tantos!... Espiritualmente, porém, o faço porque com o espírito se pode fazê-lo. 

 Retirado naquele quarto, escreverei outros novos volumes, mas com uma fé mais intensa, porque hoje eu sei que um povo inteiro me compreende e essa compreensão me ajuda. Antigamente eu escrevia sozinho, sozinho com SUA VOZ, sem auxílio dos meus semelhantes porque na Itália eu não sou reconhecido. 

 Essas coisas lá não são compreendidas. Pratica-se um Espiritismo diverso, um espiritualismo com outra orientação que, no momento, não vos posso explicar. Eu sou sozinho na Itália. Mais, aqui, o vosso afeto me enterneceu tanto que agora escreverei com redobrado ardor. A minha palavra será mais quente, mais potente. 

 Devo completar o meu 10º volume, Deus e Universo, que é de uma potencialidade que me aturdiu, que me esmaga, porque, posso afirmá-lo, é supra científico. É literatura de caráter teológico, mas de uma teologia nova que esclarece, proporcionando explicações racionais e científicas. Utilizando-se, por fim, das equações matemáticas, explica exatamente o que é o pensamento de Deus antes e depois da nossa criação. Explica os conceitos fundamentais da Bíblia, a queda dos anjos e o significado do pecado original, a origem e o fim do Bem e do Mal e a solução final do dualismo que é a lei que preside o nosso universo, o qual sinto plasmado na matéria, da qual nós devemos, com grande esforço, nos libertar, evolvendo para chegarmos até Deus, nossa meta, nosso centro, nossa última e suprema felicidade. 

 Continuarei o meu trabalho, mas devo, aqui, vos agradecer pelo vosso amor que me ajudará de um modo extraordinário. Eu agradeço a vossa bondade ensinando-me a amar – coisa de que nunca mais me esquecerei – esta grande Terra, o Brasil, que é, eu vo-lo afirmo, a minha segunda pátria.


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(1)  No salão estava exposto um quadro reproduzindo a imagem do Cristo, tecida em fios de seda. O quadro foi feito por uma confreira médium (que não sabia tecer) sob inspiração mediúnica e por ordem expressa do Alto para ser ofertado ao prof. Pietro Ubaldi. O Apósto de Gúbio dela não mais se separou, expondo-a em seu baginete de trabalho, onde permaneceu por todo o restante de sua produtiva vida. 

(2) Foi nesta mesma Casa, a Escola Aprendizes do Evangelho, que Ubaldi teve seu primeiro contacto com o povo brasileiro no dia 29 de julho de 1951.

UbaldiJesus

 

 

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